terça-feira, 29 de abril de 2014

DEUS SALVE O BRASIL!

(RÔ Campos)

Engraçado isso. Ontem (domingo) eu compartilhei uma postagem com foto, de não sei quem, a qual divulgava e elogiava o "legado" da copa do mundo diz-que-verde-na-Amazônia. Só que eu teci um comentário discorrendo sobre as nove horas de terror que passei no 28 de agosto, perambulando com minha irmã Nina, que está com pneumonia, para interná-la. Eu, então, disse que esse povo que vive tecendo loas ao "legado" da copa, defendendo tudo isso que está aí, se passasse essas tais loucas horas que passei nesse verdadeiro inferno e continuasse com o mesmo posicionamento, só podia ser um deles. Pois é humanamente impossível a qualquer pessoa em gozo de um perfeito juízo não sair do 28 de agosto chocada, deprimida, preocupada aos extremos. Pois vocês sabem o que aconteceu? Eu estranhei porque não recebi qualquer notificação sobre algum comentário porventura feito. E eu me lembrava que havia visto muito rapidamente alguma coisa do meu amigo Lio Viana. Pois, como eu recebo notificações tanto no Face quanto no meu gmail, deparei-me com o comentário do Lio na minha caixa de entrada do gmail, que me remete diretamente ao Face, dizendo assim: Não é fácil, Rô, força!. Só que, quando eu cliquei no comentário no meu gmail, para ir ao face, apareceu, na tela: "Desculpe, esta página não está disponível. O link que você seguiu pode estar quebrado ou a página pode ter sido removida". Sacaram a coisa???? O que se vê no 28 de agosto é indizível, desumano, imoral. Eu até tentei tirar algumas fotos, mas não consegui, temerosa que armassem o barraco. Discussões entre enfermeiros, maqueiros, motoristas, em meio ao povo, doente, apavorado. Os acompanhantes dos enfermos que vão em busca de socorro discutindo calorosamente com os funcionários na exígua sala de medicação, muitas reclamações por sinal sem fundamento, porque a culpa não é deles, absolutamente. A culpa é do desgoverno e da roubalheira que grassa em nosso país. Minha irmã Nina ficou internada na clínica médica de observação, em uma maca, sem lençol, sem lenço e sem documento (tive que levar lençol, edredom e travesseiro de casa). Ontem (segunda), foi transferida para o Adriano Jorge, onde, felizmente, está alojada em um leito digno. Eu mesma voluntariamente ajudei uma senhora que puxava uma maca, com seu marido (que já havias ido atendido e estava se retirando) sentado. Eu vi o sorriso de gratidão na boca daquele homem quando comecei a empurrar a maca. Ali, é cada qual por si e Deus por cada qual. Não se tem pra quem apelar...Até hoje estou me sentindo muito pesada e pesarosa ao mesmo tempo, pensando na pressão sob a qual trabalham aquelas pessoas e o nível extremo de estresse. É, sem dúvida alguma, um verdadeiro campo de guerra. Esse tal de "Mais Médicos" é uma vergonha nacional, uma excrescência. É de doer, ao ver-se a imponência da tal arena da Amazônia e tanto dinheiro gasto naquele monstrengo, e a saúde pública jogada às traças. É, a saúde pública não está mais nem na UTI, porque não existe UTI, mas, sim, um monte de gente entulhada, como se fosse um depósito de escórias.
Eu convido os senhores defensores del Chaco para passarem algumas horinhas lá no 28 de agosto. Duvido que saiam de lá a mesma pessoa. A não ser que vocês sejam um deles.

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