quinta-feira, 27 de junho de 2013

OUVIRAM DA PAULICÉIA DESVAIRADA AO ANOITECER, DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE


(RÔ Campos)

Havia um grito engasgado
Havia uma dor, quase calada
Havia um quê de desilusão
Havia claros sinais de desesperança
Havia tanta coisa presa na garganta.

Havia um olhar desconfiado
Havia um sentir tão dolorido
Havia perguntas sem respostas
Havia descrença na vida
Havia desmedido cansaço.

Havia um coro: alienados!
Havia muito descaso
Havia corrupção. E doía
Havia total escuridão
Havia um coro: conformados!

Havia crianças adulteradas
Havia vidas interrompidas
Havia total insegurança
Havia sonhos despedaçados
Havia um Congresso corrompido.

Havia meliantes disfarçados
Havia ladrões do Erário
Havia bandidos condenados. Livres!
Havia menores, pobres, aliciados
Havia um povo todo abandonado.

Havia maracutaias na calada da noite
Havia negociatas na agitação do dia
Havia promessas jamais cumpridas
Havia sede de Poder. Perpetuação no Poder.
Havia toda a sorte de conchavo.

Havia desespero na Saúde
Havia descaso na Educação
Havia roubalheira institucionalizada
Havia erros crassos, manipulação.
Havia um total desgoverno.

Havia o que se dizia ser uma democracia
Havia muita coisa empurrada debaixo do tapete
Havia loteamentos no Planalto Central
Havia loteamentos na planície
Havia cargos loteados em toda a Federação.

Havia governos e prefeitos endividados
Havia muitos pires no Palácio do Planalto
Havia muitas Emendas premiadas
Havia poucos bolsos recheados. Camaradas!
Havia muitos bolsos vazios.

Havia muito descalabro
Havia alianças com o outrora inimigo
Havia o esquecimento das promessas
Havia um flerte com o passado
Havia capitulação generalizada.

Havia toda a sorte de patifaria
Havia camuflação
Havia verdades escondidas
Havia mentiras mil vezes repetidas
Havia um discurso que jazia.

Havia desânimo ao nascer do dia
Havia uma sensação de desamparo
Havia uma fúria que se avizinhava. Agonia.
Havia uma voz nas entranhas que dizia:
Haverá de irromper uma insurreição. Havia.

Era uma vez...final do dia
Um dia de fúria...
Jovens, muitos jovens se aglutinavam
Era a insurreição que irrompia
Muitos eram os rostos revoltosos na Paulista.

Eram os meninos alienados, conformados
Maconheiros! Classe média! Vândalos! Baderneiros!
Polícia! Polícia! Gás lacrimogêneo. Balas de borracha!
Foram os meninos encurralados, agredidos, violados
E foram também jornalistas, na Paulicéia Desvairada.

E havia um certo Jabor, por muitos respeitado
Que, em rede nacional, desqualificou os jovens guerreiros
Em jogo eram muitos os interesses financeiros...
Seus fãs se sentiram ultrajados, lesados
E conta a lenda que Jabor era pau-mandado.

E a insurreição ganhou o país. Ganhou o mundo
Era a Copa das Confederações...
Blatter e Dilma, quem diria, vaiados em Brasília
O suíço chamou o cordato povo brasileiro de mal-educado
Dilma perdeu a pose, em pleno Mané Garrincha.

De Alckmin, o tucano, nada se ouvia
De Haddad, o prefeito gasparzinho camarada
Acostumado a dar tantas mancadas
Não ousou perto de ninguém chegar
Até enxergar que o leite já havia derramado...

Eis a primeira parte dessa narrativa emocionante
Sobre o dia em que ouviram da Paulicéia Desvairada ao anoitecer
De um povo heroico o brado retumbante
Para que os fatos não se percam na memória
Dos que disseram haver um dia reescrito a nossa história.

"Eles Passarão. Nós, Passarinho"

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