terça-feira, 29 de março de 2011

MARÇO

Mar, do mês de março
Março, das águas torrentes
De amores vertentes
De dores nascentes.

Março, o mês terceiro
Dos meus amores
Que pariu abril
De chuvas mil.

Março, que, com fevereiro
Disputa, maravilhosamente
O carnaval
No Rio de Janeiro.

Março, dos arianos
Profanos
Nem santos, nem insanos
Artífices.

Março, que se despede do verão
Quando se vai mais uma estação
Nasce abril, é outono
E no sertão não cai folha, não.

Março, que já foi negação
Tudo era não
No último dia
Da re(in)volução.

Março, que escancarou ladrões
Das nossas canções
De nossos corações,
Destruindo sublimes ilusões

Março, que dormia agonizando
Levantava em meio a prantos
Transcorria moribundo
E morreu torturado, vagabundo.

Março,
Do fim de tantas alegrias
Início de persistente agonia
Extermínio covarde da fantasia.

Março,
Sem cadeiras na calçada
Sem aceno na varanda
Não se pode ver passar a banda.

Março,
Que “Vai passar”, “Apesar de você”
Quando o dia florescer
“Pra não dizer que não falei das flores”.





(31 de março de 2004)

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