sexta-feira, 1 de setembro de 2023

OS ABISMOS QUE EU CAVEI

(RÔ Campos)


Eu sei o que é  o amor e a dor.

Por isso não me venham por favor contar histórias que eu conheço bem.


Eu sei bem  esses caminhos das rosas e da sua beleza.

Mas sei  também que  o mundo não  é  um jardim da delicadeza.


Já  acreditei em tanta coisa,  que hoje  não  ouso mais crer.

Mas  trago comigo, como um mantra, a certeza de que  "o mundo é  um moinho"

 e que "o tempo vence toda a ilusão".


Se  nesta vida alguém me fez algum mal, esse alguém decerto fui eu.

E hoje sei que de cada amor que vivi só  herdei o cinismo.

E só  muito tempo depois  me dei conta de que os abismos em que eu caí,

Eu os cavei  todos com  os meus próprios pés. 


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SALVE CARTOLA!


O mundo é  um moinho é  uma das mais belas músicas  do cancioneiro brasileiro.

A letra retrata   uma realidade   profunda, incontestável  e avassaladora. 

Ninguém  cava os nossos abismos. Nós  os cavamos com os nossos próprios  pés. E mãos. Claro. Indubitável. E, depois da queda nesses abismos que nós  mesmos cavamos, damo-nos conta de que todas as nossas ilusões  sempre são  reduzidas  a pó. A ilusão se desfaz diante do primeiro embate com a realidade.


(*) 31.08.22

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