sexta-feira, 29 de outubro de 2021

DIÁLOGO COM OS ASTROS


(RÔ Campos)


Eu, na solidão do meu quarto,

Mas nunca estou  sozinha.

Tenho muitas companhias,

Sejam os dias quentes,

Sejam as noites frias. 


Há  dias em que as ruas  estão cheias, 

E eu, em meio a tanta gente, 

Sinto como se estivesse sozinha. 

Os homens vêm  e vão

Sobem calçadas,  mudam de lugar,

Baixam a cabeça,  olham para o céu

Mas não veem  os que estão ao léu.


Há noites em que as ruas estão vazias.

Eu saio por aí  a catar estrelas,

Procuro um banco  pra sentar em uma praça  qualquer,

Quero conversar com a lua.

Vejo muitas imagens ao redor dela:

Às  vezes são monstros, 

Outras  tantas vezes são bichos,  são anjos.


Aí  então eu me sinto aliviada. 

Sei que não estou sozinha neste mundo.

Um mundo infinito,  de infinitas possibilidades. 


Prossigo a catar estrelas para conversar com elas. 

Ao piscar,  elas me dizem que Deus  vive nos olhos de quem vê a beleza.

A beleza que está no amor entre os homens, 

E não naquilo  que os divide.


E as estrelas me dizem,  ainda:

Deixa disso. Ninguém  é  dono da verdade.

Nem nós, que brilhamos na escuridão. 

Há  dias em que as estrelas caem.

Mas até quando caem, dão seu espetáculo. 


E, ali,   vendo muitas estrelas brilhando no céu,  e algumas outras caindo,  um anjo parecia me sussurrar:

Embora candentes, estrelas cadentes são.

Porque tudo cai. Até a soberba.

Mas nem tudo o que cai é  só tristeza. 

As lágrimas que caem de teus olhos, antes,  já lavaram a tua alma. 


Não há solidão na solitude de um quarto vazio,

Tampouco em um céu  sem lua, sem sol,  sem estrelas. 

Apenas eles estão ofuscados pelas nuvens escuras,  passageiras.

E, assim como as nuvens que passam, tudo absolutamente  um dia há de passar...

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