segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ECOS DO PASSADO

(RÔ Campos)

Assim meu coração não Aguenta!!!
Hoje, quase manhã, dei uma carona a um amigo que mora na Boa Sorte, rua no bairro da Matinha onde eu nasci e me criei, até os 15 anos. Deixei-o cerca de uns 200 metros após o início da rua e fui descendo devagar, olhando casa por casa, quando deparei-me com meu amigo de infância, Raimundo Bezerra Barbosa, pai do Ramõn, amigo de meus filhos do Colégio Preciosíssimo Sangue. Ele arrumava os produtos em sua pequena taberna, quando eu gritei: Raimundinhooooooo!!! A festa foi grande.

Nós morávamos em uma casa quase em frente à dele, e, por conta disso, comecei a fazer-lhe algumas perguntas. Ele, então, me apontou um senhorzinho que estava sentado em um banco, em frente à taberna, dizendo-me que ele era a pessoa que havia comprado nossa casa. Conversa vai e vem, o generoso senhor me perguntou se eu queria ir ver a casa, e eu não pensei duas vezes para aceitar o convite. Não tenho como descrever a emoção que senti, e não deu para segurar as lágrimas. Havia 41 anos que eu não botava os pés ali, desde quando nos mudamos, eu com 15 anos. A cada passo que eu dava o coração apertava. Tudo continuava exatamente do jeito como havíamos deixado, à exceção da cerâmica dos quartos dos meus velhos e do primeiro quarto, que, por sinal, era onde eu dormia, e do estado de deterioração da velha casa. Fomos até o quintal e fiz uma viagem ao passado, à minha infância querida. Passou um filme na minha cabeça: aquele quintal tem muitas doces histórias pra contar de nossas vidas!! Enfim, terminou a minha visita tão inesperada, que me deixou em transe e êxtase ao mesmo tempo.E, ao sair, passando pela minúscula sala de estar, foi como se ouvisse os Beatles na vitrola, e eu, mais minha amiga Grace (Maria Célia Penafort Pacheco), por volta dos 10 anos, dançando seus hits. Aquela casa está impregnada de nós...

Tomando a rua, vejo o velho Nonato, morador da casa que fica ao lado esquerdo, com os cotovelos debruçados sobre o muro. Eu o reconheci de pronto, apesar de não o ver desde que nos mudamos. Cheguei perto dele e disse-lhe: Nonato, eu duvido você dizer quem sou eu. Ele, porém, sem pestanejar, e com convicção, respondeu, soletrando enfaticamente: "N.O.K.A" (Noca, com "cê", era meu apelido de infância). E de novo a emoção bateu mais forte que o meu coração. Depois de conversarmos um pouco, ali, frente a frente, como se o tempo não tivesse passado, mas, da noite para o dia a neve tivesse desabado sobre nossas cabeças, fui embora com mil promessas de fazer novas visitas. Mas, quando me dirigia para o carro, observei que o portão da garagem da casa que fica à direita da nossa, estava entreaberta, denunciando que sua dona já acordara. Cheguei mais perto e vi uma senhorinha de cabelos cor de prata, sentada em uma cadeira. Era Ruth D'Urso, mãe de Itaúna, Iraúna, Índio, Ianaíra e... (esqueci o nome da outra filha). Outro espanto. A velha Ruth D'Urso, é, hoje, a imagem de sua Nona, de quem eu, quando criança, ouvi muitas histórias...Lágrimas também rolaram olhos abaixo quando ela perguntou sobre minha irmã Rosalba Campos, lembrando-se, na sequència, da amada e saudosa amiga Tereza Guerreiro, de quem ela me disse jamais esquecer.

Aí, percebi que a manhã avançava e resolvi partir, trazendo comigo os ecos do passado...

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