segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

COMO AS ARARAS


(RÔ Campos)

Quando nós nos descobrimos sabíamos que vez em quando eu seria tu e tu também serias eu. E que, muitas vezes, num futuro próximo, seríamos um só, como uma partícula integrada: respiraríamos o mesmo ar, sorveríamos o néctar dos mesmos beijos, seríamos uma pele sobre a outra pele, o suor se misturando nos poros enquanto nossas bocas enlouqueciam, seguiríamos lado a lado, para sempre, como as araras...

O tempo foi passando, e nosso amor crescendo. Já não éramos mais dois - três é o que passamos a ser. E, cheios de ideais e de vontade de viver, botamos as pernas no mundo...e tudo vencemos com as nossas forças integradas. Sempre fomos fiéis um ao outro, assim, também, como as araras...

Depois de muitos quilômetros percorridos na estrada da vida, de tantas batalhas, de alegrias e tristezas, de termos alcançado a riqueza - essa em geral perseguida pelos homens -, materializando o que vivia no mundo de nossas ideias...descobri que amar também pode ser sofrer. E que, se amar é sofrer, não há vida sem dor.

E, por derradeiro, agora vim a saber o quanto dói a dor do amor. Mas a dor da saudade do amor que se acabou dói muito mais...
E que a dor da solidão do amor que se foi, e me deixou, também fere como punhal...E viver na solidão é morrer de amor.

Assim como as araras...

Nenhum comentário: