domingo, 9 de março de 2014

À ESPERA DO PRÍNCIPE ENCANTADO


(RÔ Campos)

E então, eu nasci.Fui crescendo, crescendo...Mas quando ainda era cedo, sonhei que um dia iria te encontrar. Todos os dias de minha vida sempre foram assim: A noite chegava, depois o dia acordava...E eu a esperar por ti. Quando saía de minha casa rumo à escola, em cada pedaço da rua, em cada esquina, sempre pensava que ia te encontrar. Ainda na Boa Sorte, ao cair da tarde, elevava os meus olhos e punha-os na direção do Morro do Bode,e, abaixo dele, avistava a ponte sobre o igarapé de São Raimundo, ponte essa que o meu velho pai também ajudou a construir. Os pensamentos me visitavam. Lembrava-me daquelas águas límpidas, onde eu e minhas irmãs íamos nos banhar quando não havia água nas torneiras de nossas casas, as canoas passando...e eu a olhar nos olhos de cada um, a procurar por ti. Nos domingos, costumava ir à matinê no Cine Palace, que ficava no Boulevard Amazonas, bem próximo à minha casa. Seguia fazendo o percurso vagarosamente, eu, sozinha, e meus pensamentos. No caminho, muitos rostos de meninos surgiam à minha frente. E, em cada um, eu te procurava.
E o tempo foi passando, passando, e eu sempre te esperando.
Encontrei alguns amores; outros, a maioria,...nada era verdadeiro, como um falso brilhante, que a gente acredita genuíno, até o dia em que aprendemos que nem tudo o que reluz é ouro.
E o tempo continuou passando, até então, vagarosamente, porque o tempo nunca passa quando somos crianças e jovens. Depois, ele se torna tão veloz, que já não temos tempo de sentir as coisas, perdemos os freios e descemos a ladeira, o tempo cria asas e voa assustadoramente. E eu continuei te esperando. Algumas vezes eu até cheguei a supor que tu havias chegado. Triste fiquei quando constatei que havia me enganado.
Esperei, por toda a minha vida, te encontrar um dia, que cansei de esperar. Compus canções, escrevi versos só para esquecer o meu cansaço. E até hoje os escrevo...

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