terça-feira, 3 de novembro de 2020

O AMOR QUE DÁ FOME

(RÔ Campos)


Isso que você chama de amor não está te fazendo bem, não te corresponde, não é o abraço na hora precisa, não é o ouvido devido, não é o sorriso esperado, a força que soma, a fonte em que se banha, a água que mata a sede, o alimento que sacia a fome? 

Isso que você chama de amor é quem te sujeita, quem te vira as costas, quem te bate a porta? 

Isso que você chama de amor é quem te cobra, exige, usa, abusa, e nada faz para te ver em paz? 

Isso que você chama de amor é com quem você não conta em hora alguma, não te faz companhia, não te dá alegria, faz-te chorar, não ter vontade de lutar, viver? 

Ah, sinto muito te dizer, mas isso que você chama de amor, não é amor, é sofrer. Urge desiludir. 

Isso é qualquer coisa, qualquer coisa de burrice, de cegueira espontânea, voluntária,  de carência, de menosprezo por si mesmo. E quem se contenta com qualquer coisa sempre será ninguém, porque não consegue valorar nem a si mesmo. E viverá nadando e se debatendo nas águas dessa megera, que é a fria solidão de um coração vazio, qual um vaso sem flores.

Por isso, costumo dizer: prefiro o nada a qualquer coisa.

É melhor caminhar no deserto, onde se pode, de repente, deparar-se com um oásis,  que seguir à margem de um rio cujas águas não te matam a sede.

É melhor morrer de fome de viver, do que de fome de um amor que não vivifica.

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