terça-feira, 30 de março de 2010

O GOL DE ARMANDO NOGUEIRA

Cada vez que pessoas como Armando Nogueira se vão, sinto uma tristeza imensa.Depois da tristeza impactante,porém, vem a certeza de que, obras como a de Armando Nogueira são tão fartas e edificantes, que certamente poderemos viver ainda bons e longos anos, se vida tivermos, usufruindo de seu legado. Ele é um dos grandes exemplos de pessoas que, ainda jovens, saem dos confins do Brasil, lá de Xapuri, no longínquo Estado do Acre, botam os pés na estrada e vencem. Vencem pela vontade de descobrir o mundo, pelo caráter forte, pela integridade moral, pelo amor às artes, às letras. A bola, como, certa vez, declarou Armando Nogueira em entrevista reprisada ontem na TV Globo, parecia não nutrir paixões por ele, que, assim, resolveu dedicar-se ao mundo do futebol na condição de jornalista esportivo (como gostava de ser chamado)e cronista. Ele foi um verdadeiro poeta da bola, amante incondicional do meu, do nosso Botafogo. Uma mente brilhante, um atleta das palavras. Sua história de vida fez-me lembrar de uma mensagem que recebi outro dia, de uma amiga recente: "Üm poeta escreve poesia. Um poeta da vida vive a vida como uma poesia". Foi-se Armando Nogueira, numa noite de intrigante lua cheia, aos 83 anos de uma vida explêndida, sem medo da morte. Ele sabia que havia combatido bem o seu combate. Retirou-se desta vida com um gol brilhante, inesquecível. Um verdadeiro gol de placa.

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