domingo, 25 de maio de 2025

A ORDEM NATURAL DAS COISAS

(RÔ Campos)

Plantar, cuidar, regar...O amor e as flores. Um dia, tudo brota. E o amor e as flores um dia  também vão se extinguindo. Essa, acredito, seja a ordem natural das coisas. Humanos, somos demasiadamente humanos. O amor, qual uma fina luz, que vai se apagando, deixando as almas iluminadas, no entanto. As flores...fincando nos olhos a beleza e na memória os seus olores. Depois, novos ciclos, porque essa, repito, acredito seja a ordem natural das coisas. O tempo sempre caminhando para adiante, e o passado vez ou outra rondando nossos passos.

(26.05.2019)

@rocampospoesia

domingo, 18 de maio de 2025

O SER(?) E O NADA

(RÔ Campos)

Ninguém é o que os outros pensam

Ninguém é o que aparenta ser

Somos e não somos

A verdade às  vezes é nua 

Outras tantas vezes se cobre com o véu escuro da artimanha.


Somos a soma de todas as dores

Divisão do que não se possui

Subtração da dignidade humana

Multiplicação da miséria. 


(A terra tudo há de comer!

As águas tudo há de tragar!

O fogo tudo há de queimar!

O tempo tudo leva). 


Ninguém é 

Na fila do pão

Na fila do banco 

Na fila do SUS

Na fila da carne

Na fila do bus.


(A terra tudo há de comer!

As  águas tudo há de tragar!

O fogo tudo há de queimar!

O tempo tudo leva).


@rocampospoesia

#rocampossobretodasascoisas.blogspot.com

sexta-feira, 16 de maio de 2025

COISAS SÃO E NÃO SÃO

 (RÔ Campos)

Já faz algum tempo, muito tempo, Jung afirmou que "tudo depende de como olhamos para as coisas, e não de como elas são em si mesmas".

Porque...Coisas são e não são.  Tomam corpo a partir do que eu penso sobre elas, da  forma como eu as vejo.  E elas, então, tornam-se reais. Pelo menos na minha cabeça. 

Cada um vê as coisas de conformidade com o mundo que há em seu interior.  Antes disso não existem coisas, absolutamente nada. 

@rocampospoesia

(*) escrito em 16.05.2014

domingo, 27 de abril de 2025

AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA

(RÔ Campos)

Eu não me assusto com a indiferença e falta de compaixão do "ser humano". Eu me preocupo é com o sofrimento dos pequeninos  agredidos, violados, violentados, desesperados e sempre tão indefesos.

E, quando me imagino lá longe, num futuro que eu nem  mesmo sei se virá, ou inválida, sinto medo. É um frio que percorre todo o meu corpo e atravessa a minha mente. 

É muito temerário, dolorido  e humilhante depender exclusivamente da solidariedade do outro. E quando o outro é o que está mais próximo, pior ainda. 

Agora, num país como o nosso, tão desigual e injusto,   onde o cabra se debate todo pra sobreviver e vencer, perseguindo o seu lugar ao sol,  como preparar-se para a velhice, para situações de invalidez? Como pagar um seguro saúde e ou seguro de vida? Como ter qualidade de vida? 

É, sem dúvida alguma,   a verdadeira "à espera de um milagre". 

Mas de uma coisa eu sei, ou desconfio que sei: pode demorar o tempo do jumento, mas a lei da ação e reação é infalível. 

Ela não é como muitas leis brasileiras, tipo faz-de-conta, que cai em desuso mesmo antes de entrar em vigor.  Acreditem, pessoas ditas do bem:  tudo,  absolutamente tudo  volta na mesma proporção e intensidade.  

Essa é a lei da física. Não sou eu que estou dizendo,  não.  Foi Sir Isaac Newton quem afirmou, obviamente que após anos incansaveis de observação,  pesquisa,  estudos.   

Moral da história:

AQUI SE FAZ,  AQUI SE PAGA!


(*) texto originalmente escrito em 14.04.2014 e republicado hoje após revisto e atualizado 

sábado, 26 de abril de 2025

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"

(RÔ Campos)

Eu, como uma montanha de braços abertos, querendo abraçar o vento que toca a minha pele. Tu és o vento. Sei que estás por aqui, geograficamente bem perto de mim, mas, confesso-te,  é como se estivesses muito longe. Ainda assim, frequentemente me lembro de ti, quando passo em frente à tua antiga casa - aquela onde foste feliz por um tempo e depois já não mais sabias o que era a felicidade. 

Hoje minhas mãos misturaram-se a adubos que eu,  delicadamente, coloquei nos vasos de minhas plantas.

E, mais um vez, lembrei de ti, de quando foste meu jardineiro e regavas meu coração. 

E senti o cheiro das uvas, de vinho e do licor de uísque que sempre degustávamos nas poucas e eternas loucas horas em que o silêncio se calava. 

E lembrei daquele dia em que me convidaste a ir ao teu jardim: noite e céu cheio de estrelas, vinho, delicadeza e cumplicidade. Teus olhos nos meus olhos, tuas mãos na minha vida, minha vida nas tuas mãos.

(*)originalmente escrito em 27.04.2013

rocampospoesia


O TEMPO TUDO CORROI

 (RÔ Campos)

Lembro de mamãe na minha infância e adolescência, sempre uma mulher aguerrida, muito forte, destemida, um espelho  onde  invariavelmente procurei me mirar. 

Certamente vem  dela esse meu jeito de ser. Tome-se por sua coragem  de dar à luz dez filhos.

E todas as vezes em que pensei que fosse sucumbir, lembrei-me dela. Mas vai longe de mim o destemor tão  vigoroso de minha mãe, daqueles tempos que o tempo levou... 

E  hoje, atônita, descubro  que,  na velhice decrepta,  toda fortaleza  se desfaz. E o orgulho e a vaidade já nem mais são pecados capitais.

É  o tempo que tudo corrói...

(*)originalmente escrito em 27.03.2018

IMPOTÊNCIA

 O que pode ser pior do que a impotência? Contra ela só  nos resta a "rendição."

"Pai, afasta de mim esse cálice". Afasta de mim esse CALE-SE...

Como é  difícil prosseguir  calada! 

Como é  difícil engolir isso que me corta a garganta, me dilacera a alma!

Como é  difícil segurar essa coisa que me comprime  o peito, fazendo do meu intelecto terra arrasada!

E  eu sigo varando a madrugada, sentada ao sofá, em vigília a esse corpo inerme  sobre a cama, que eu sei quem morava ali...

Hoje -  sabe-se lá por onde palmilha essa alma.

Nesta noite cruciante, peço a Deus ao menos que recolha minhas lágrimas e alivie o meu pranto. 

Deus! Meu Deus!

Dai-nos sabedoria para comprender os teus desígnios!

Há coisas pelas quais não consigo responder. Não fui eu que as escolhi. Mas não posso furtar-me dessa peleja. 

Às  vezes sou forte como o cinzel. E  vezes outras sou frágil como uma flor.  

Hoje não sei se quedo ou se me ergo. 

Oxalá me ponha a termo!

*originalmente escrito em 27.04.2018