domingo, 27 de abril de 2025

AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA

(RÔ Campos)

Eu não me assusto com a indiferença e falta de compaixão do "ser humano". Eu me preocupo é com o sofrimento dos pequeninos  agredidos, violados, violentados, desesperados e sempre tão indefesos.

E, quando me imagino lá longe, num futuro que eu nem  mesmo sei se virá, ou inválida, sinto medo. É um frio que percorre todo o meu corpo e atravessa a minha mente. 

É muito temerário, dolorido  e humilhante depender exclusivamente da solidariedade do outro. E quando o outro é o que está mais próximo, pior ainda. 

Agora, num país como o nosso, tão desigual e injusto,   onde o cabra se debate todo pra sobreviver e vencer, perseguindo o seu lugar ao sol,  como preparar-se para a velhice, para situações de invalidez? Como pagar um seguro saúde e ou seguro de vida? Como ter qualidade de vida? 

É, sem dúvida alguma,   a verdadeira "à espera de um milagre". 

Mas de uma coisa eu sei, ou desconfio que sei: pode demorar o tempo do jumento, mas a lei da ação e reação é infalível. 

Ela não é como muitas leis brasileiras, tipo faz-de-conta, que cai em desuso mesmo antes de entrar em vigor.  Acreditem, pessoas ditas do bem:  tudo,  absolutamente tudo  volta na mesma proporção e intensidade.  

Essa é a lei da física. Não sou eu que estou dizendo,  não.  Foi Sir Isaac Newton quem afirmou, obviamente que após anos incansaveis de observação,  pesquisa,  estudos.   

Moral da história:

AQUI SE FAZ,  AQUI SE PAGA!


(*) texto originalmente escrito em 14.04.2014 e republicado hoje após revisto e atualizado 

sábado, 26 de abril de 2025

FRAGMENTOS DE MEU TEXTO "CONFISSÕES"

(RÔ Campos)

Eu, como uma montanha de braços abertos, querendo abraçar o vento que toca a minha pele. Tu és o vento. Sei que estás por aqui, geograficamente bem perto de mim, mas, confesso-te,  é como se estivesses muito longe. Ainda assim, frequentemente me lembro de ti, quando passo em frente à tua antiga casa - aquela onde foste feliz por um tempo e depois já não mais sabias o que era a felicidade. 

Hoje minhas mãos misturaram-se a adubos que eu,  delicadamente, coloquei nos vasos de minhas plantas.

E, mais um vez, lembrei de ti, de quando foste meu jardineiro e regavas meu coração. 

E senti o cheiro das uvas, de vinho e do licor de uísque que sempre degustávamos nas poucas e eternas loucas horas em que o silêncio se calava. 

E lembrei daquele dia em que me convidaste a ir ao teu jardim: noite e céu cheio de estrelas, vinho, delicadeza e cumplicidade. Teus olhos nos meus olhos, tuas mãos na minha vida, minha vida nas tuas mãos.

(*)originalmente escrito em 27.04.2013

rocampospoesia


O TEMPO TUDO CORROI

 (RÔ Campos)

Lembro de mamãe na minha infância e adolescência, sempre uma mulher aguerrida, muito forte, destemida, um espelho  onde  invariavelmente procurei me mirar. 

Certamente vem  dela esse meu jeito de ser. Tome-se por sua coragem  de dar à luz dez filhos.

E todas as vezes em que pensei que fosse sucumbir, lembrei-me dela. Mas vai longe de mim o destemor tão  vigoroso de minha mãe, daqueles tempos que o tempo levou... 

E  hoje, atônita, descubro  que,  na velhice decrepta,  toda fortaleza  se desfaz. E o orgulho e a vaidade já nem mais são pecados capitais.

É  o tempo que tudo corrói...

(*)originalmente escrito em 27.03.2018

IMPOTÊNCIA

 O que pode ser pior do que a impotência? Contra ela só  nos resta a "rendição."

"Pai, afasta de mim esse cálice". Afasta de mim esse CALE-SE...

Como é  difícil prosseguir  calada! 

Como é  difícil engolir isso que me corta a garganta, me dilacera a alma!

Como é  difícil segurar essa coisa que me comprime  o peito, fazendo do meu intelecto terra arrasada!

E  eu sigo varando a madrugada, sentada ao sofá, em vigília a esse corpo inerme  sobre a cama, que eu sei quem morava ali...

Hoje -  sabe-se lá por onde palmilha essa alma.

Nesta noite cruciante, peço a Deus ao menos que recolha minhas lágrimas e alivie o meu pranto. 

Deus! Meu Deus!

Dai-nos sabedoria para comprender os teus desígnios!

Há coisas pelas quais não consigo responder. Não fui eu que as escolhi. Mas não posso furtar-me dessa peleja. 

Às  vezes sou forte como o cinzel. E  vezes outras sou frágil como uma flor.  

Hoje não sei se quedo ou se me ergo. 

Oxalá me ponha a termo!

*originalmente escrito em 27.04.2018