quarta-feira, 15 de outubro de 2014
TRANSIÇÃO
(RÔ Campos)
O que dizer de uma segunda-feira assim, chuvosa, como se fosse o outuno se despedindo tristemente, abrindo os caminhos para receber o inverno que vem, devagarinho, varando os campos e o espaço···e se derrama sobre nós, em forma de choro, um chorar assim, lento e morno?
Logo na chegada, busca o sol com seu olhar às vezes frio, mas um frio que não congela os amores da gente· Antes, nos enreda em abraços e longas conversas sob as cobertas quentes·
E suscita também sobre não ficar, quer seguir as pegadas do sol que já vai longe, muito longe·
E nessa ânsia louca sequer se dá conta de que não demora e as flores estarão se abrindo, os pássaros cantando e a vida fluindo e pulsando, pulsando, como um relógio que marca as horas, os dias, o tempo que nunca para nem mesmo para descansar as pernas no meio do caminho, às vezes àrduo, como se fosse um fado, uma sina, outras tantas vezes o paraíso· Um paraíso, para muitos, perdido antes de haver sido encontrado·
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