sexta-feira, 22 de agosto de 2014

COMO A ALMA DA GENTE



(RÔ Campos)

Porque, naquele tempo, era muito cedo pra ti· E agora, pra mim, a tarde vai findando e escancara a porta pra que a noite entre· A equação já não bate·
Essa matemática tão exata, que não deixa margem pra erros! Se muito, restos·
Mas ninguém vive de restos· Ou são desprezados, esquecidos, ou vão parar na lata do lixo·
Deveria haver um pouco de humanidade nessa exatidão· Uma espécie de conciliação entre a alma e o corpo, a aparar as arestas do tempo· Afinal, que culpa tem a alma, imanente, se o corpo envelhece?
O que me resta, agora, senão a ilusão de que há vida lá fora, onde eu possa te rever um dia, num tempo sem equação, nem matemática, nem sobras· Um tempo sem corpo, sem dia nem noite· Apenas a energia a fluir e o céu como condutor· Um tempo permanente como a alma da gente

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