(RÔ Campos)
Aqui estou a divagar, bem devagarinho, porque não tenho mais tempo algum para a pressa. Eis que a pressa nos turva a visão, embaça a mente, cansa as pernas, acelera o coração.
Os pensamentos viajam. Andam pela madrugada, sentam-se à mesa de bares, conversam entre si, riem, choram, arrependem-se, voltam ao passado distante, e ao recente, também. Querem até adivinhar o futuro.
Aí, eles batem à minha porta, entram como chegam as tempestades, trazendo notícias do tempo. É como se um filme em câmera lenta passasse diante de meus olhos.
Fico a lembrar de uma frase que cunhei há muitos anos, quando as horas invadiam a madrugada, e eu, aqui, sozinha, trancada no meu quarto, tentava encontrar uma saída para o silêncio ensurdecedor que teimava ao meu ouvido:
"O tempo e a distância são deletérios do amor; o silêncio, a porta do cemitério e o coveiro".
(*) 24.09.2021
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