(RÔ Campos)
Ele ainda era um principiante, estava dando os primeiros passos nos degraus da escada da vida. Ela já havia dado muitas voltas ao redor do sol. Mas, juntos, pareciam crianças, cheias de lindos sonhos. Ele queria aprender a tocar violão; ela, percussão. Nada absolutamente os perturbava.
A diversão era garantida, a parceria, caprichosa. O bar, onde se conheceram, era o templo sagrado. O final da noite, sempre fechado com chave de ouro: a descida da ladeira da Paraíba, nos rumos de Adrianópolis, ela ao volante, na velocidade da urgência juvenil, ao som dos Tribalistas:
"E a gente canta, a gente dança, a gente não se cansa de ser criança, a gente brinca na nossa velha infância". Uma infância que só existia na imaginação daqueles dois perdidos na noite, que se encontraram, se acharam e se perderam de novo.
As conversas , longas e intermináveis. Assim também os beijos. Ambos trocavam palavras acerca de seus sonhos, nunca falavam de problemas e outras coisas do gênero. Ele queria conhecer o mar. Nunca havia estado num avião, muito menos visto o mar, exceto nos sonhos. Era algo recorrente. Logo seguiram a concretizar esse sonho. Viajaram para o nordeste. Dormiram por três dias no mesmo quarto, na mesma cama, fizeram carinho, se abraçavam, trocaram beijos, mas tudo não passou disso, o que já era muita coisa. O amor não precisa de muito para se alimentar. Foi durante esses dias em que ele conheceu o mar, que também fez a ela suas confissões: (tinha uma jovem mulher e uma filhinha), a relação não estava nada boa. Ela, como se psicóloga matrimonial fosse, disse-lhe muitas palavras cheias de positividade. "O amor tem feito coisas que até mesmo Deus duvida. Já curou desenganados, já fechou muita ferida".
Depois que voltaram da viagem, nunca mais se viram. Desde então, ele não mais apareceu naquele lugar eleito o templo sagrado de ambos. Ela continuou sua vida...
Anos mais tarde se reencontraram na internet, mas até hoje não se viram pessoalmente. Ele, já com outra companheira.
Hoje, passados tantos anos, cada um segue o destino que escolheu.
Ele, então àquela época prisioneiro, hoje vive preso ao amor de outra. Ela, sonhadora contumaz, uma apaixonada pela vida, protagonista de vários amores, continua sendo de todo mundo, mas não é de ninguém, e todo mundo lhe quer bem. Detalhe: também não desaprendeu a namorar e nem a beijar de língua, embora tantas voltas lindas ao redor do sol...
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