(RÔ Campos)
Temos vários tipos de amigos,
Mas aqui, agora, quero falar um pouco do amigo de bar.
Amigo de bar é aquele que, de repente, surge do nada.
Muitas vezes pensamos até que já conhecemos a praga.
Um gole aqui, outro acolá
Te abraça, te beija, faz festa, te faz até sonhar.
Amigo de bar é pra sempre.
Ninguém visita um ao outro,
Ninguém sabe da vida de cada um.
Mas o "pra sempre" não passa da mesa de bar.
Amigo de bar topa qualquer parada,
Principalmente quando o assunto é uma gelada.
Amigo de bar nem se toca se entrar contigo em alguma fria,
E vai contigo em qualquer quebrada.
Amigo de bar te dá carona,
E nunca reclama de nada.
Nem mesmo quando esqueces o caminho, a entrada da rua,
Fazendo com que ele, já tonto, dê muitas voltas,
Ou quando, ao saíres do carro, cais na calçada embriagado,
(Não sem antes deixares tua marca registrada no banco do carona ou no assoalho do carro).
Amigo de bar nunca te cobra nada.
E até paga a conta sozinho, quando é abonado,
E tu não passas de um pobre pés-rapados,
Ou se já és acostumado na velha artimanha de se fazer de leso e no "se colar, colou" para saíres ileso, sem meter a mão no bolso, geralmente furado.
Amigo de bar nunca te enche o saco.
Se é pobre, dá um jeito e logo fica rico, mesmo que fique pendurado.
Se é rico, adora mostrar a carteira cheia, e não se faz de rogado.
Amigo de bar, seja rico ou seja pobre,
Só quer saber de esquecer as agruras da vida,
As rasteiras que lhe deram,
Os chifres que lhe puseram,
Ouvir Garçom, de Reginaldo Rossi.
Se o Flamengo ganhou ou perdeu,
O amigo de bar vai estar lá.
Se o Flamengo ganhou, usa a camisa do time, grita, canta o hino,
Pega o microfone do cantor,
E diz que é Flamengo até morrer.
Se o Flamengo perdeu, não dá um pio.
Fica lá pelos cantos, sozinho, faz de conta que nem ao jogo assistiu.
Mas se você for bulir com ele, ah! meu amigo, aí você se fodeu.
Logo ele te manda ir pra puta que te pariu!
Se o Vasco caiu, coitado, o amigo de bar só aparece na segunda.
Sem trocadilhos, por favor.
Mas...Se o Vasco ganhou, pode contar que o amigo de bar vai estar lá, todo prosa, querendo cantar de galo, mesmo sendo peixe.
E, finalmente, não vou nem falar de política. Vixe Maria!
A gente se engalfinha todo na internet de janeiro a janeiro,
Chama um ao outro de tolo, corno, esquerdista, esquerdopata, petralha, comunista, gado, bolsominion, minion, bozolóide, massa de manobra, genocida, burro, tapado...
Mas, na mesa de bar, adeus penimba, adeus bate-boca.
Amigo de bar só quer encher o quengo de cachaça,
Esquecer de política, de economia, de inflação, e que viver tá um osso só.
Sem trocadilhos, por favor.
Não se engane: amigo de bar não é ninguém da aristocracia.
Bar é reduto de intelectuais, artistas, músicos, poetas, filósofos de botequim, putas, gays, pretos, maconheiros, vagabundos, mulheres de grelo duro e pelos no sovaco, mães solteiras, professores, desesperados, sonhadores.
Verdadeiro exercício da DEMOCRACIA!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário