(RÔ Campos)
Não me lembro de quem é a frase que li outro dia e que diz mais ou menos assim: "quero gozar do direito de poder envelhecer".
É, porque neste país envelhecer é como tornar-se um criminoso, algo, assim, digamos, abjeto. E sempre tive pavor de que, quando chegasse a hora do meu crepúsculo, eu não sabesse reconhecer isso, e não aprendesse a envelhecer com maturidade e dignidade, tornando-me uma velha idiota, cegada pelo domínio do romântico.
Não, eu não creio mais na vida romanceada, mas continuo acreditando no romance que é a vida. E, assim, vou vivendo, com os passos no comprimento exato de minhas possibilidades, sem alargá-los nem diminuí-los, mas seguindo em frente. Os anos...eu os sinto com o peso implacável sobre o meu corpo que definha pouco a pouco...Mas a mente continua fervilhando, como nos bons tempos de outrora. Só não tenho mais ilusões. E, por isso, não me desiludo. Mentir para nós mesmos nunca será um bom remédio.
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