(RÔ Campos)
A tua dor não é a minha dor,
A dor é de cada um.
Mas sinto frio ao pensar na tua dor,
Que deve ser como um um punhal quente que arde e doi e sangra,
E lentamente vai dilacerando o peito e a alma.
Sim, eu sinto como deve ser esse vazio,
Esse sentimento que vai penetrando aos poucos e tudo o que encontra é oco.
A partida é sempre o inverso da chegada.
(Naquela, é dor. Nesta, é riso).
Condenas o tempo pela tua dor.
Mas o que é o tempo senão o passar de tudo?
Esse mesmo tempo que hoje condenas com a frieza d'alma que temporariamente te habita,
É o tempo que amanhã te libertará,
Mesmo deixando as marcas indeléveis da pena que te foi imposta.
Vaticino: Te encontrarás, amor, no tempo verbal futuro do futuro.
Mas me respondes que o futuro é uma quimera.
E que, hoje, não mais há futuro do presente, pois o próprio presente jaz, dormindo o sono eterno.
E o futuro do passado se foi, levado bruscamente pela intempérie.
Tempo! Tempo! Tempo!Tempo!
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