(RÔ Campos)
Teu silêncio não o amargavas na solidão da noite.
Quando vomitavas, eu o absorvia.
E teu silêncio gritava dentro de mim.
Eram pedidos desesperados de socorro...
Muitos ouvidos se faziam de moucos,
Mas os meus ouvidos poucos,
Esses, sempre ouviram os gritos aflitos do teu silêncio louco.
Hoje, separadas pelas sombras dos fantasmas que te rondam os dias e as noites, continuo te ouvindo,
Mas o meu silêncio tu nunca o saberás.
Eles se vão aos poucos, levados pelas lágrimas que lavam o meu rosto,
Quando as horas mortas vêm me açoitar.
Não sei o que te fiz em meio a tanto bem,
Que tanto mal te causou.
Sempre te dei o meu riso quando te achegavas com teu pranto.
E meu colo nunca te neguei em dia algum.
Não vou te pedir perdão, porque não se peca por amar.
Só peço ao teu silêncio que, doravante,
Não me venha mais me visitar.
Minhas janelas continuam escancaradas,
E as portas seguem abertas.
Volte, quando quiser.
Quando te cansares de viver ao leu.
Quando os teus pesadelos dormirem,
E acordarem os teus sonhos, por fim.
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