segunda-feira, 20 de abril de 2020
SOPRO
(RÔ Campos)
Cuidemo-nos. Cuidemo-nos uns dos outros. Essa travessia é muito dura, muito louca...Mas quem foi que disse que seria fácil? Nada nunca foi fácil, inclusive para aqueles outros que vieram antes de nós.
Tantas pestes, tantas guerras, tantos sofrimentos, tantas dores...
Mas essas gentes bravas seguiram o seu destino, estrada a fora, deixando para trás o que não pôde ir, levando na memória suas recordações, e no coração as marcas da vivência, os amores que o habitaram, para que nunca se perdessem no esquecimento...
Vamos, maninho, fazer essa travessia. Segura as pontas com firmeza. Alça as velas. Esquece o relógio do tempo. Te faz de doido e de mudo e de mouco. Te finge até de morto, se preciso for, para que não te molestem essas dores persistentes.
Decerto que faz escuro hoje. Mas nem todo o tempo é escuro, e nem todo o tempo é claro.
Pensa assim, todo dia, ao despertares: É só hoje. Apenas hoje.
Não vou desistir. Vou esperar. Não sei o quê o amanhã pode me trazer...Sei lá.
A chuva pode cessar. O sol pode sair. A dor pode passar. Só o tempo irá dizer...
A vida é mesmo esse combate medonho, às vezes até mesmo antes de sermos dados à luz: um duelo entre ela - a vida - e a morte. A morte das perspectivas. A morte das ilusões. A morte do corpo. A morte de tudo. Exceto da alma, imanente, permanente.
E a vida?...O que é a vida, senão um sopro...
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