terça-feira, 7 de janeiro de 2025

ENTRE AMORES


(RÔ Campos)


Entre amar e sentir frio

Preferi o calor do cobertor

E esqueci o que é o amor.


Entre amar e sentir fome

Escolhi tudo aquilo que sacia

E matei o desejo de amar.


Entre amar e morrer de amor

Deixei o amor que não me queria

E  de amor quase morri,

Nos braços de um então amor qualquer,

Quando soube que era por mim

Todo o amor que ele tinha.


Obs: originalmente escrito em 07.01.2014

COMENTARIOS A RESPEITO DA BELEZA

(RÔ Campos)

Tudo o que se vê do lado de fora é o espelho interior refletindo o que mora dentro de cada um de nós. A beleza não se vê com o olhar. A beleza não tem nada de vulgar. A beleza está além, muito além de um olhar qualquer. A beleza está no ato. A beleza está simplesmente em não se ter medo de abrir os braços, tirar a roupa, mostrar o peito, mesmo que minguado. Porque a beleza não está fora, não está na cara, não está no peito. 

A beleza vive em um palácio onde também mora apenas o que é sutil, imperceptível a olho nu, aos olhos de quem a busca na estética. A beleza não tem forma. Beleza é simplesmente ser e viver...e nada mais. Ainda que outros olhos não a vejam, não a saibam. Porque cada olhar é o olhar de cada um, que, muitas vezes, não sabe, não sente, não vê. 

Às vezes só a cegueira enxerga onde ninguém mais vê. Porque a cegueira enxerga com os olhos da alma, e não com os olhos da visão. Porque a cegueira enxerga com o tato, o contato, com os sentidos, com o olfato.


Obs: originalmente escrito em 07.01.2014

CHORA POR ELES

 

(RÔ Campos)


Não chores por ti nem por mim. 

Chora por tantos que sofrem,    

Por tantos que têm sede. 

Chora o fado dos esfomeados.


Não chores por ti nem por mim.  

Chora por tantos perseguidos,    

Por tantos de suas terras fugitivos. 

Chora a angústia dos brutalizados.


Não chores por ti nem por mim. 

Chora por tantos machucados, 

Por tantas criancinhas sem lastro. 

Chora a solidão dos abandonados.


Não chores por ti nem por mim. 

Chora por tantos que não têm teto, 

Por tantos sonhos mutilados. 

Chora a sina dos desgraçados.


Não chores por ti nem por mim. 

Chora por tanta inocência adulterada, 

Por tantas esperanças perdidas. 

Chora a dor dos desesperados.


Obs: originalmente escrito em 07.01.2014

LAGRIMA, A MAIS PURA EXPRESSÃO DA CONDIÇÃO HUMANA

 (RÔ Campos)

Por que ter vergonha de chorar? 

Ao contrário do que muita gente pensa, os outros bichos também choram, porém, sem derramar uma única lágrima.  Seu choro é expressão através de seus gemidos, uivo, pios, miados etc.

Quanto ao bicho homem,  a maioria das pessoas tem vergonha de chorar em público,  porque convencionou-se que o choro, considerado "coisa de mulher", demonstra fragilidade, inclusive até mesmo entre as mulheres. 

Todavia, a lágrima é a mais pura e natural expressão da condição humana.  Tanto que o bicho homem também chora até quando se encontra em estado de graça,  feliz da vida. 

Quando a lágrima cai é a alma que se manifesta!


Obs: originalmente escrito em 07.01.2013 é revisado hoje,  07.01.2025

EU TENHO UM SONHO

(RÔ Campos)

I have a dream! (Eu tive um sonho, disse Marthin Luther King).Eu também tenho um sonho.  E o meu sonho é que as pessoas se libertem de impostores, exploradores, sanguessugas, dominadores, políticos salafrários. Que encontrem a chave da porta do conhecimento. E isso só se alcança com muita leitura e com a disposição do homem para livrar-se das algemas, do medo que lhe impuseram desde sempre de ao menos pensar, cogitar, supor outras possibilidades. A Igreja disse e repete que o homem comete pecados por pensamentos, palavras e obras. Aí a pessoa morre de medo de ao menos pensar. Fecha-se em seu mundo, com todas as suas incertezas e dúvidas. Teme abrir a boca e serconsiderada maldita, não merecedora de viver. Teme ser castigada por uma entidade que o homem esculpiu com palavras. E muitas vezes nem chega a temer a sentença do próprio homem, do juiz, por exemplo, que é de carne e osso, e em tese exequível. Um magistrado é igual a ela. Ela sabe de onde vem essa sentença, e, mesmo que não mereça, pode recorrer. Mas a sentença hipotética desse deus forjado por impostores e mercadores da fé, essa sim, causa-lhe calafrios, e puseram-lhe goela adentro que ela é irrecorrível. Haverá o juízo final! 

Atreva-se a dar um livro de Nietzsche de presente para alguém que, mesmo sem professar, diga-se católico. Eu já trazia muita coisa sobre isso, que me foi passada por meu pai, um sujeito muito simples, mas evoluidíssimo. Depois que passei a ler Nietzsche, e abri meu coração e minha mente para essa leitura, sem medo de ser feliz, buscando, indagando, refletindo, juro que me tornei uma pessoa melhor, com melhor compreensão das pessoas e do mundo. Concomitantemente a Nietzsche, também li Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdam, e os Ensaios de Montagne. Finalmente, A Origem das Espécies, de Darwin (que nem terminei de ler, pois um ex me levou e nunca mais me devolveu). Esses livros formam a minha base, o meu alicerce. Depois vieram outros: Jean Jacques Russeau, Voltaire, Sócrates, Santo Agostinho, vários do Espiritismo, a Perestroika, a Bíblia, o Alcorão (que até hoje tenho em minha biblioteca),livretos do Rosacruz. Aí vieram os romances e outros: Jorge Amado, José de Alencar, Érico Veríssimo, Machado de Assis, Marcio Souza etc.etc..e recentemente Milton Hatoum. E as poesias: Camões, Pablo Neruda, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Wal Whitman, Maiakovski, Ferreira Gulart, Clarice Lispector, Cecilis Meireles etc. Frequentei a Igreja Católica (fiz, inclusive, a primeira comunhão e chequei a batizar meus filhos, cumprindo uma convenção, diga-se de passagem). Fiz promessas a santos, fui devota de São Sebastião e Santo Antonio, participando, durante vários anos, das procissões). Frequentei também, terreiros de umbanda, o Espiritismo (minha família sempre foi Espírita Kardecista, desde a minha avó paterna e minha bisavó materna), fui a alguns eventos na Igreja Batista, a convite de uma amiga, frequentei a Seicho-no-iê (acho que é assim que se escreve). No campo da música, já ouvi de tudo. No passado, comprei tanta porcaria, que até eu duvido hoje. Mas aí é que encontrei a lapidação. A quem é dado conhecer o que é bom jamais vai querer o ruim. A humanidade evolui, sempre! Moral da história: nunca me fechei para nada na vida. Além de ser eclética em absolutamente tudo, sou uma eterna curiosa. E aprendi com meu segundo pai essa lição: já que não sabemos de onde viemos, para onde vamos, se existe vida após a morte, o melhor que temos a fazer é viver a vida, fazendo o bem, sem olhar a quem, porque, se houver outro mundo, nós seremos bem recebidos lá. Se não houver, teremos sido bons, teremos amado, teremos vivido. É assim que eu venho procurando fazer. E, graças a meu Deus, que vive dentro de mim, sou feliz, assim !

Obs: originariamente escrito em 07.01.2012. Comprei outro livro de A Origem das Espécies  e terminei de o ler.