É muito bom viver uma vida tranquila, navegar em águas calmas, mas o que vale mesmo é a luta, tudo é muito mais saboroso. Desde sempre, fui dada às batalhas da vida. Nunca consegui nada que não fosse duramente conquistado.
Não faz nenhum sentido viver em um suposto mar de rosas se em contrapartida se perde a naturalidade. É duro nadar contra a correnteza, requer muita força bruta, é uma batalha árdua contra a natureza das coisas. E mais duro ainda é deixar de agir naturalmente, ter que calcular cada passo, cada centímetro. Todos nós temos uma essência. E essa essência necessariamente deve ser respeitada, sob pena de perdermos o equilíbrio, tendo como causa a desarmonia entre o espírito e a matéria.
Minha essência é muito sensível, sutil. E só se mantém (praticamente) intacta se permanecer diuturnamente na luta, sem medo do escuro, se correr mundo, pegar na enxada, enfrentar sol a pino, enchacar-se com a água da chuva, varar a madrugada, dormir e acordar a hora que quiser, sair para onde for, voltar quando melhor me aprouver, de preferência quando puder ver o sol nascer...Tudo isso sem, no entanto, perder a ternura jamais.
Agir calculadamente me deprime. Fingir que está tudo bem me sufoca.
Divagações de RÔ Campos neste domingo chuvoso de abril.
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