(RÔ Campos)
O tempo resolveu fazer um passeio para uma conversinha. Aproximou-se de uma jovem e disse-lhe: - Você acha que me tem todo o tempo? E que pode esperar por mim o tempo que quiser, e, em razão disso, fica aí, parada, enganando-se, fechando os olhos enquanto eu passo? Sinto muito, mas você está errada. Um dia, quando você menos esperar, vai acordar e perceber que não pode mais contar comigo: eu já terei passado. A jovem riu e se foi.
Anos mais tarde o tempo encontrou uma senhora chorando, sentada em um banco de uma praça abandonada, e resolveu abordá-la. A senhora, então, comentou-lhe que estava chorando porque procurava obstinadamente pelo tempo que havia perdido (sem sequer perceber que o perdia), mas não conseguia encontrá-lo. O tempo, então, disse-lhe:- Eu estive durante muito tempo ao seu lado, mas você vivia a zombar de mim; nunca me deu o valor devido. Certa vez, lhe falei para não ficar parada a esperar por mim, fingindo que não me via passar. Você não quis me dar ouvidos, riu-se e saiu. Agora, lamento, mas eu já andei muito para estar aqui, e o meu caminho é para o amanhã. O ontem, para mim, não existe mais. Eu nunca volto atrás. Existo desde que o mundo é mundo, mas eu nunca envelheço e nem me extingo, embora vá passando como passa o vento. Você, ao reves, morria a cada dia, sem se dar conta de que sua vida se esvaía no relógio do tempo.
30/10/2011
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