segunda-feira, 20 de maio de 2019
A MORTE LENTA DO DESEJO
(RÔ CAMPOS)
Saudade do que eu quis viver e me foi negado.
Agora, sinto esse desejo se esvaindo,
Fugindo de mim sem que eu possa tomá-lo em meus braços.
Como se fosse o sólido se liquidificando aos poucos,
Daí a escorrer sobre as bordas da taça,
Indo abaixo, molhando o chão,
Tal como a esperança evaporando, sendo levada pelos ventos, que também levam o cheiro das flores para muito longe,
Um lugar que eu não sei onde.
Às vezes, então, me assoma um odor de enxofre.
Mas eu ainda guardo em minhas memórias o aroma das flores,
Quando era primavera em minha vida,
E que o vento levou sem que eu nem percebesse.
E me bate forte a saudade do que eu quis viver e me foi negado.
Mas eu me dou conta de que o desejo,
Como as flores que não são cuidadas,
A cada dia vai-se um pouco,
Em meio ao abandono da gente,
Murchando como murcham as rosas deixadas sob o sol inclemente,
Sem proteção, sem água, nem rega,
Tombando, morrendo, sem sede de amar...
sexta-feira, 10 de maio de 2019
QUEM AMA TAMBÉM DESISTE
(RÔ Campos)
Amanhã é tarde,
Muito tarde,
Tarde demais
Pra se dizer o que não se disse,
O que ficou preso na garganta:
Sobre o frio que ainda toca o estômago,
E o coração que dispara enquanto conto as horas para olhar teus olhos, tocar tua pele, ver teu sorriso, ouvir sobre teus planos e sonhos, rir contigo das peripécias da gata de rua...
Hoje
Ainda era cedo,
Não muito cedo.
Mas havia tempo.
Não quisemos dizer nada,
Nem eu do amor que ainda existe,
Mas que não mais insiste.
Do amor que agora é triste.
Do amor que ora desiste, pois sabe que é chegada a hora,
E quem ama também deixa ir embora...
Quem ama também desiste.
Porque desistir não é nenhuma vergonha, nenhum fracasso.
Desistir é uma espécie de valentia, coragem.
Desistir é sair da linha de combate, depois de no peito ferido, coração estilhaçado, ainda que o amor pulse,
E juntar-se às fileiras dos que, vencidos, se rendem, ajoelhando-se, erguendo os dois braços.
Desistir é deixar seguir em frente quem não mais te segue, quem decidiu partir porque no peito o amor não mais existe.
Desistir é procurar caminhos outros que nos levem adiante, ainda que seja a andar no deserto,
Pois mesmo um amor que no deserto ande
Pode quiçá um dia encontrar um oásis.
Amanhã é tarde,
Muito tarde,
Tarde demais
Pra se dizer o que não se disse,
O que ficou preso na garganta:
Sobre o frio que ainda toca o estômago,
E o coração que dispara enquanto conto as horas para olhar teus olhos, tocar tua pele, ver teu sorriso, ouvir sobre teus planos e sonhos, rir contigo das peripécias da gata de rua...
Hoje
Ainda era cedo,
Não muito cedo.
Mas havia tempo.
Não quisemos dizer nada,
Nem eu do amor que ainda existe,
Mas que não mais insiste.
Do amor que agora é triste.
Do amor que ora desiste, pois sabe que é chegada a hora,
E quem ama também deixa ir embora...
Quem ama também desiste.
Porque desistir não é nenhuma vergonha, nenhum fracasso.
Desistir é uma espécie de valentia, coragem.
Desistir é sair da linha de combate, depois de no peito ferido, coração estilhaçado, ainda que o amor pulse,
E juntar-se às fileiras dos que, vencidos, se rendem, ajoelhando-se, erguendo os dois braços.
Desistir é deixar seguir em frente quem não mais te segue, quem decidiu partir porque no peito o amor não mais existe.
Desistir é procurar caminhos outros que nos levem adiante, ainda que seja a andar no deserto,
Pois mesmo um amor que no deserto ande
Pode quiçá um dia encontrar um oásis.
segunda-feira, 6 de maio de 2019
SABIA
(RÔCampos)
E quando de súbito meus olhos bateram nos teus,
Sabia que eu ia me jogar
Nesse mar desconhecido.
E sabia também que a viagem poderia ser curta ou duradoura.
Que alguns dias seriam de bonança
E outros dias tenebrosos com noites sem estrelas.
Sabia que poderia vir a naufragar,
E que a força das águas e a força do tempo me aniquilariam.
Mas, enfim, como já disse em outras linhas,
Meu coração é um porto solidão,
Onde muitas embarcações já naufragaram.
Apesar disso, ainda sigo a procurar uma estrela,
Para esse porto solidão iluminar.
Assim, continuo navegando, sem nenhum assombro, em busca desse tesouro perdido,
Mesmo que venha a naufragar em alto mar...E morrer de amor.
Pois, como também já disse em outras linhas,
Prefiro a sorte da morte por tanto amar, ao azar da vida de solidão de quem não ama.
A vida é muito abundante e plural para alguém seguir sozinho...
E quando de súbito meus olhos bateram nos teus,
Sabia que eu ia me jogar
Nesse mar desconhecido.
E sabia também que a viagem poderia ser curta ou duradoura.
Que alguns dias seriam de bonança
E outros dias tenebrosos com noites sem estrelas.
Sabia que poderia vir a naufragar,
E que a força das águas e a força do tempo me aniquilariam.
Mas, enfim, como já disse em outras linhas,
Meu coração é um porto solidão,
Onde muitas embarcações já naufragaram.
Apesar disso, ainda sigo a procurar uma estrela,
Para esse porto solidão iluminar.
Assim, continuo navegando, sem nenhum assombro, em busca desse tesouro perdido,
Mesmo que venha a naufragar em alto mar...E morrer de amor.
Pois, como também já disse em outras linhas,
Prefiro a sorte da morte por tanto amar, ao azar da vida de solidão de quem não ama.
A vida é muito abundante e plural para alguém seguir sozinho...
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